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Outubro / 2017 - nº 125
suíte
Presidencial Cine
suíte
Night Vip
Av. Condessa Elizabeth Robiano, 1792
(a 250 m da Ponte do Tatuapé)
2 2 9 4 - 9 3 5 5 / 2 2 9 4 - 9 3 0 3 •
www. mo t e l n i g h t a n d d a y. c om
Cinco anos se passaram e um dia Ela chegou e disse que seu marido
morrera e que não mais viria ao café. Ele, desculpando-se por parecer egoísta
pediu que Ela não deixasse de vir às quartas-feiras, pois, era um momento
muito importante para ele. Ela refletiu um pouco e concordou. E, assim, con-
tinuou por mais dois anos quando, num dos encontros, Ele confidenciou que
sua esposa falecera e lhe disse que não haveria mais porque se verem. Ela, no
entanto, disse que gostaria de continuar à vê-lo, já que dois anos antes pedira
que Ela não deixasse de vir. Ele concordou e, assim, todas as quartas-feiras as
dez horas estavam lá e ficavam por trinta minutos, bebiam seus cafés e saíam.
Ele chegou ao café no dia e horário de sempre, mas, Ela não. Trinta minu-
tos se passaram, Ele pagou e saiu. Na quarta-feira seguinte, de um sol radian-
te e um límpido céu azul, Ele chegou novamente ao Suely’s Café e pediu dois
cafés, levou-os à mesa e sentou-se. Passaram-se os trinta minutos e Ela não
apareceu. Por alguns meses Ele repetiu a cena até que um dia Suely interveio
e perguntou porque pedia dois cafés se estava sempre sozinho. Ele respondeu
que não! Não estava sozinho! Ela estava todos os dias sentada com ele, bem à
sua frente conversando, rindo e bebendo seu café, bastava que Suely olhasse
com os olhos coração e a veria também. Suely se assustou e estranhou, mas,
como Ele era pacífico, deixou a conversa para lá e continuou lhe atendendo
todas as quartas-feiras.
Um dia Ele chegou pediu os cafés e sentou-se como sempre fazia. Suely,
após atendê-lo distraiu-se em seus afazeres e sua mente voou livremente.
Em dado momento, pela lateral de seu olho direito, viu que alguém estava
sentado à mesa com Ele. Teve uma impressão que era Ela, então respirou
fundo e, calmamente virou-se e, por um breve instante a viu sentada segu-
rando uma xícara de café e rindo. A imagem logo se dissipou e Suely ficou
petrificada. Ele percebeu o que acontecera e perguntou à Suely, você a viu,
não foi? Suely respondeu positivamente com a cabeça. Por algum motivo que
Suely desconhece, começou a ver Ela. Talvez tenha sido
o choque da primeira vez ou talvez tenha sido despertado
nela algum dom.
Certo é que meses depois Ele não mais apareceu no café
até que, numa nova quarta-feira de um sol radiante e céu
azul, o lugar ainda vazio, Suely olhou para a mesa e viu
Ele e Ela sentados olhando um para o outro. Ele virou-se
para Suely e com a mão direita fez o sinal de dois com os
dedos indicador e médio. Suely entendeu e levou dois cafés
expressos pequenos puros até mesa. Trinta minutos depois
eles se foram. E assim tem sido todas as quartas-feiras...
Eu ouvi a confidência, sorri e disse-lhe ser a coisa mais
fantástica que já ouvira, mas, no fundo, não fiz conta. Al-
guns meses depois, já esquecido da confidência, numa
quarta-feira de um sol radiante e um céu límpido, cheguei
ao café perto das dez horas e quinze minutos, pedi o de
sempre e sentei à uma das mesas e vi a mesa com as duas
xícaras de café. Estava um pouco absorto em meus pen-
samentos e quando eles voaram pude ver pela lateral de
meu olho esquerdo os vultos de um homem e uma mulher
sentados naquela mesa, bebendo seu café. Fixei os olhos
neles por uns vinte segundos e, virando-se para mim, sor-
riram acenando com a cabeça e a imagem se dissipou.
Olhei no relógio eram dez horas e trinta minutos...
C
onto
Roberto de Jesus Moretti
• Bacharel em Direito pela
Universidade de São Paulo, Doutor em Ciências Policiais de
Segurança e Ordem Pública •
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