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Outubro / 2017 - nº 125
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Quando falamos de relacionamentos afetivos e sexuais, é
impossível não pensar nas diferentes formas de se relacionar e
nos constantes debates sobre a monogamia e os relacionamen-
tos chamados liberais, como o poliamor, em que as pessoas
vivem vários relacionamentos afetivos ao mesmo tempo.
O conceito da monogamia é cultural e está diretamente
ligado ao tipo de sociedade em que vivemos, a patriarcal. Po-
rém, as novas gerações começaram a romper com os padrões
desta sociedade e isso contribuiu para o aparecimento destes
diferentes modelos que desafiam a monogamia e se tornam
cada vez mais comuns.
Segundo Denise Miranda de Figueiredo, psicóloga, tera-
peuta de casais e família e cofundadora do Instituto do Casal,
vivemos hoje um momento no qual as pessoas se sentem mais
livres para expressar sentimentos e experimentar as diferen-
tes formas de se relacionar “Outro ponto é que há um desafio
enorme para muitas pessoas em unir segurança e aventura em
um relacionamento amoroso. O que nutre o amor não necessa-
riamente irá alimentar o desejo", comenta Denise.
Para a especialista, com essa noção mais clara, muitas pes-
soas procuram relacionamentos em que possam experimentar
uma maior liberdade, principalmente sexual, e tentam equa-
cionar segurança e aventura em suas vidas, o que não parece
tarefa simples quando se trata de relações humanas com toda
a sua complexidade.
Há também outras questões envolvidas, como o amadu-
recimento mais tardio das novas gerações e o foco na vida
acadêmica e profissional. “Antes, era comum as pessoas se
casarem na faixa dos 20 anos e esses casamentos duravam
muitos anos. Não havia espaço para experimentar, nem tanta
liberdade como temos hoje”, explica Marina Simas de Lima,
psicóloga, terapeuta de casais e família e cofundadora do Ins-
tituto do Casal.
Monogamia com os dias contados?
“O ser humano não é monogâmico por natureza, porém
diferentemente dos animais, temos a possibilidade de decidir o
que fazer com o nosso desejo. Amonogamia está baseada nos
valores que cada casal estabelece para o relacionamento. Na
prática clínica, vemos que as outras formas de se relacionar,
como o swing e o poliamor, surgem como uma possibilidade
cuja função pode ser específica em um determinado momento
na vida daquele casal, mas não como um estilo de vida”, co-
menta Denise.
Para Marina, as relações estão se transformando. “As
novas gerações amam de diferentes maneiras. Essas pessoas
estão reformulando as expectativas sobre o amor. Alguns pa-
recem não acreditar mais na exclusividade exigida pela mo-
nogamia e se permitem experimentar essas outras formas de
amar, sem culpa ou preconceitos. O tema é muito polêmico,
mas o poliamor, os relacionamentos abertos e o swing são rea-
lidade, eles existem, embora a sociedade ainda não esteja pre-
parada para lidar com essas situações, afirma Marina.
Tipos de relacionamentos
Elencamos alguns tipos de relacionamentos amorosos que
ganham cada vez mais adeptos. Confira:
1. Relacionamento aberto: neste tipo de relação o amor
é monogâmico, mas é permitido que ambos os parceiros te-
nham casos extraconjugais, desde que não haja envolvimen-
to emocional.
2. Living Apart Together (LAT): Esse é um movimento
mundial que tem cada vez mais adeptos. São aqueles casais
que moram em casas separadas, mas vivem um relacionamen-
to estável e monogâmico.
3. Swingers: São casais que vivem uma relação estável, se
consideram monogâmicos, porém gostam de vivenciar rela-
ções sexuais com outros casais.
4. Amigos com benefícios: Neste tipo de relacionamento
não há envolvimento emocional, nem monogamia. São ami-
gos que mantêm relações sexuais e fazem programas juntos,
sem assumir qualquer tipo de compromisso entre si, portanto
podem viver o amor com outras pessoas também.
5. Poliamor: É a recusa da monogamia que possibilita a
vivência de muitos amores simultâneos, de forma profunda e
duradoura. São pessoas que mantêm vários relacionamentos
ao mesmo tempo.
“Em nossa sociedade as pessoas são livres para escolhe-
rem seus jeitos de se relacionar e amar, e independente da for-
ma escolhida merecem ser tratadas com respeito”, concluem
Denise e Marina.
Será mesmo o fim da
monogamia?
Poliamor, relacionamento aberto e swing impulsionam o
debate sobre a monogamia
C
omportamento
por Leda Sangiorgio
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