CityPenha novembro2015 - page 38

Novembro / 2015 - nº 102
38
Açúcar industrializado/Doces:
Vício ou necessidade?
N
utrição
Edina Aparecida T. Trovões
• Nutricionista
CRN3-1579 •
Consultório: 2307-1551
Esse tema é fácil de explicar porém não é tão simples
de entender. Isso porque o açúcar industrializado (refina-
do) fornece a glicose, que é uma necessidade do nosso
organismo, mas o consumo de glicose na forma de açúcar
industrializado pode virar vício.
A glicose é um nutriente essencial para o fornecimento
de energia às células, principalmente às do cérebro, é um
nutriente fornecido por alimentos ricos em carboidratos
(arroz, batata, mandioca, mandioquinha, milho, aveia, fa-
rinhas em geral, frutas e legumes). Esses alimentos for-
necem além da glicose outros nutrientes que em conjunto
fornecerão a energia e o equilíbrio que as células necessi-
tam para trabalhem em harmonia.
Já o açúcar refinado nada mais é do que um produto
industrializado, onde o caldo de cana é purificado e cla-
reado resultando no açúcar branco que compramos em
pacote e que contem quase 100% de glicose sem nenhum
outro nutriente.
O problema é que, dependendo da quantidade e a for-
ma de como a glicose é ingerida, pode desencadear um
vício devido ao mecanismo de ação desse nutriente sobre
o sistema nervoso.
O ideal seria o corpo receber o alimento (Ex: batata) e
dele extrair a glicose, que será absorvida bem lentamen-
te, de forma a não sobrecarregar o sangue com excesso.
Quando se consome açúcar, essa glicose é absorvida ra-
pidamente (o açúcar não precisa ser digerido, está pronto
para ser absorvido) acarretando uma elevação muito rá-
pida desse nutriente na corrente sanguínea (aumento da
glicemia) e esse excesso provoca vários distúrbios e dese-
quilíbrio da química hormonal.
A parte difícil de entender é: como pode o açúcar cau-
sar distúrbios e desequilíbrios nas células do corpo se, ao
mesmo tempo, provoca uma onda de bem estar, euforia ou
relaxamento quando se come um doce?
É mais ou menos assim que acontece: a glicose, em
altas quantidades, fornece rapidamente matéria prima para
o cérebro produzir hormônio do bem estar de uma for-
ma também mais rápida e, assim, a sensação de bem estar
também será mais “alta”, proporcional à taxa de açúcar
ingerida. Mas é uma sensação “forçada” e que desaparece
rapidamente, deixando um efeito rebote que é a fadiga e
o desanimo.
Assim aparece a vontade de comer doce, provocada
por um estímulo do cérebro, que uma vez em desarmo-
nia, deixa de produzir fisiologicamente esse hormônio do
bem estar.
Vale reforçar que o corpo necessita de glicose e não
de açúcar industrializado, porém ingerir o máximo de 3 a
5 colheres de sopa rasa deste açúcar (dependendo da sua
altura) por dia não irá provocar nenhum desses desequilí-
brios. Nesta contagem não considere apenas aquele açúcar
que você adiciona no cafezinho, mas também a quantida-
de que compõe os alimentos industrializados, como doces,
chocolate, nos sucos industrializados, refrigerantes, bola-
chas, iogurtes adoçados, sobremesas, etc.
Para as pessoas que estão viciadas e dependentes de
doces, é muito difícil ignorar essa condição, mas é um
problema que precisa ser resolvido uma vez que o
consumo de muito açúcar está relacionado com
o acúmulo de gordura no fígado, a obesidade e
suas consequências.
Uma alternativa seria suspender o consumo
de açúcar, passar por uma crise de abstenção e
deixar o corpo se recuperar dessa dependência
buscando novamente o equilíbrio hor-
monal. Caso necessite, procure ajuda
profissional.
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