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Setembro / 2016 - nº 112
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O Brasil tem de extrair não só honrarias, mas
ganhos reais, das Olimpíadas. A Vila Olímpica não
deve ser, simplesmente, desmoronada, depois do
encerramento dos jogos. Um país e uma cidade
carente têm de valer-se desses episódios históricos
para obter melhoramentos em favor de seu povo.
Não é, tal proposição, avessa ao denominado "es-
pírito olímpico".
Entretanto, muitos poderão pensar e propor em
sentido contrário. Afinal, grande parte dos custos
das Olimpíadas foi suportado pela iniciativa priva-
da, que, no Brasil, não imagina filantropias e, sim,
compensações, sempre. É hora de mudar esse senti-
do de patrimonialismo privado que deixa ao Estado
deveres que deveriam ser compartilhados. Depois
criticam o Estado pesado e os impostos cobrados,
o que é procedente, mas não podemos criticar algo
quando não somos exemplares.
A Vila Olímpica, mantida com seus principais
equipamentos, será de alta importância para nossos
jovens, a redução da violência e complemento de
nossa educação formal. Além disso, espaços pode-
rão ser ocupados para a educação estrita e necessá-
ria, sem a qual dizimam-se nossas esperanças de um
grande país futuro.
Evidentemente, essas medidas deverão ser re-
sultado de negociações e não de imposições ou
expropriações injurídicas, que poderão ser ques-
tionadas, como sempre, em nosso Judiciário. O
espaço ficará e a iniciativa privada deverá con-
tinuar emprestando suas forças e seu apoio para
termos no Rio de Janeiro e no Brasil grandes e
preparados espaços educacionais, em conjunto
com o esteio dos recursos humanos. Os meninos
e os pais dos meninos dos morros agradecerão
imensamente; os brasileiros conscientes de que a
solidariedade, e não o egocentrismo, que carac-
teriza boa parte de nossa elite econômica, idem.
É hora de o 1% de nossa sociedade, composto
dos privilegiados, mudem sua mentalidade. Não
se propõe socialismo ou esquerdismo estereoti-
pado, mas sentido de solidariedade que ultrapas-
sa os estreitos limites de uma sociedade de clas-
ses com inclinação para perpetuar-se como uma
sociedade de castas. Não se trata de romper o ca-
pitalismo, mas de administrá-lo com inteligência,
pois somente os regimes do bem-estar social so-
breviverão no mundo. Os demais serão implaca-
velmente corroídos pelo tráfego de drogas, pelo
crime organizado, pelos ataques selvagens, in-
clusive ao patrimônio público e, mais ainda, pela
perda do norte na bússola de nossa juventude. E
pela periclitação de nossa vida e saúde em nossas
portas, em nossas ruas, praças e sinaleiros, em or-
Nossa
história
depois das Olimpíadas
O
pinião
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