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Setembro / 2016 - nº 112
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dem tal que nossa existência se tornou insuportável, hoje, no Brasil.
Pobres daqueles que nutrem a mentalidade de, simplesmente, deixar
de lado suas raízes e emigrar.
Deveríamos inserir em nossos currículos escolares, como matéria
obrigatória, desde os primórdios até o fim dos cursos universitários,
uma disciplina denominada "Justiça". Algo muito mais profundo
que cidadania e análise de problemas brasileiros, que fazem parte
do drama da justiça. E que não deve se confundir com a instituição
judiciária, mas com o aprendizado do sentimento e da percepção fi-
losófica da justiça, que nos enreda a todos, que nos põe em sociedade
numa síntese superior à simples soma das partes, que esteja a todo
momento inserida no cérebro dos homens, tanto para exigir como
para abdicar, sob o signo superior do equilíbrio de um grupo humano
sobrevivente em um dado planeta.
Já se conta com o desapontamento, a desmontagem desse mo-
mento mágico, a tristeza que sucederá ao grande momento olímpico
brasileiro. Discordamos profundamente. Além do aproveitamento
material do que nos legaram os jogos, é necessária a expansão da
educação criativa em todo o território nacional. E, para tanto, a im-
prescindível colaboração entre a iniciativa privada e o Estado, cujo
tamanho está insuportável e deve ficar circunscrito ao que realmente
interessa a nosso povo, livre da corrupção, que começa com propinas
e termina com o costume crônico de inchá-lo cada vez mais para
gastar em quinquilharias nada importantes para nosso crescimento
social e humano.
Um dos principais expedientes de nossos regi-
mes ditatorias consistiu em tornar cada vez mais
intelectualmente esquálida nossa gente. As disci-
plinas críticas, incluindo-se a história da filosofia
universal, foi simplesmente erradicada de nossos
currículos médios pela última ditadura castrense,
que abriu os primeiros buracos por onde começa-
mos a descer até hoje, sem que a democracia, que
se seguiu ao regime militar, tomasse consciência,
desde logo, dos rompimentos que precisávamos
fazer, em relação a um projeto de poder perverso
de dominação de um grande povo, reduzido a um
rebanho que amanhece todos os dias no mesmo
diapasão, o de sobreviver para morrer, talvez com
alguns mirrados reais de aposentadoria.
A educação formal, a educação crítica e a edu-
cação esportiva deveriam emergir, de pronto, des-
se grande momento histórico em que passamos ao
mundo muito de nossos problemas, mas, também,
muitas virtudes desse povo eclético, originário de
todas as partes do orbe, capaz de transformar-se e
de manter a alegria que tomou conta de seus cora-
ções nos jogos olímpicos como nossa rotina diária,
qualificada e construtiva no processo evolutivo da
humanidade.
Amadeu Roberto Garrido de Paula •
Advogado e poeta
• Autor do livro Universo Invisível, membro da Academia
Latino-Americana de Ciências Humanas.
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